Mulheres na ciência: desafios e representatividade
O reconhecimento das mulheres na ciência segue um caminho tortuoso, cheio de preconceitos e discriminação, desde a antiguidade. Um dos principais obstáculos enfrentados por elas é o discurso (absurdo) construído socialmente que diz que ciências (principalmente as exatas) e mulheres “não combinam”, por falta de interesse ou aptidão por parte delas.
Tal discurso, presente há séculos na sociedade, afastou durante muito tempo as mulheres dos espaços onde o conhecimento científico é desenvolvido; e esse acesso desigual à educação e ao saber, ainda observado em diversos países, afeta a representatividade das mulheres na ciência até os dias atuais. Assim, apesar dos avanços, maior representatividade nas universidades e conquista de direitos femininos, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
A desigualdade em números
Em 2020, somente 18,86% dos alunos da Escola Politécnica da USP eram mulheres e 13,5% dos docentes eram professoras.
Apenas 30% das estudantes que ingressam na universidade escolhem carreiras em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Menos de 10% dos membros da Academia Brasileira de Ciências é mulher
Startups comandadas por mulheres recebem somente 10% dos aportes financeiros.
Entretanto, apesar da falta de incentivo e de todas as dificuldades e preconceitos enfrentados pelas mulheres na ciência, elas foram responsáveis por diversas pesquisas e descobertas importantes até os dias atuais, contrariando qualquer crença social que questiona seu potencial no universo científico. Conheça a seguir algumas das mulheres responsáveis por grandes avanços científicos no Brasil e no Mundo!
Hipátia de Alexandria
Hipátia foi uma filósofa e matemática da antiguidade, nascida em Alexandria, no Egito. Diferentemente da maioria das mulheres na época, ela teve a oportunidade de estudar (imagine só como eram as coisas naquela época), sendo instruída em matemática, filosofia e astronomia por seu pai, Teón de Alexandria.
Assim, tornou-se uma respeitada acadêmica na Universidade de Alexandria - posição antes ocupada somente por homens -, além de grande oradora pública, e é considerada a primeira mulher matemática de que se tem conhecimento!
Marie Curie
Marie Curie foi uma cientista polonesa, considerada a mãe da física moderna por suas pesquisas em radioatividade (você com certeza já ouviu falar dela!). Ela esteve envolvida na descoberta de dois elementos químicos, o rádio e o polônio. Além disso, implementou um sistema de radiografia móvel durante a Primeira Guerra Mundial, o qual auxiliou no tratamento de milhões de soldados.
Por seus estudos e descobertas, ganhou dois prêmios Nobel, em física e química: o primeiro em 1903, pelos estudos em radiação; e o segundo em 1911, pela descoberta do elemento rádio. Foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel em ciência e a primeira pessoa a ser premiada duas vezes (poderosíssima!). Foi, também, a primeira mulher a lecionar na Universidade de Sorbonne, na França.
Chien-Shiung Wu
Física sino-estadunidense, é uma das mais proeminentes cientistas do século XX na área de física nuclear. Realizou estudos sobre decaimento beta, além de experimentos que comprovaram a violação da teoria de simetria por paridade, uma das mais fundamentais da física.
Suas pesquisas também ajudaram a responder importantes questões biológicas sobre o sangue e anemia falciforme. Wu ganhou o prêmio Wolf de Física em 1978 e foi a primeira mulher a presidir a American Physical Society!
Katherine Johnson
Considerada uma criança prodígio, Katherine ingressou no ensino médio aos 10 anos, formando-se aos 14 (!!!). Em seguida, iniciou seus estudos na Universidade de West Virginia State e formou-se aos 18 anos, sendo a primeira mulher negra a concluir a graduação nesta universidade.
Apesar das dificuldades e preconceitos da época, optou pela carreira de matemática e pesquisadora, atuando inicialmente nas áreas de computação e análise de dados envolvendo aeronaves para o Comitê Consultivo Nacional de Aeronáutica (NACA, futura NASA). Katherine destacou-se por realizar cálculos para a missão Freedom 7, primeira missão espacial tripulada dos EUA com o astronauta Alan Shepard. Além disso, auxiliou na missão Friendship 7, tripulada por John Green (primeiro astronauta a entrar em órbita na Terra), integrou a equipe da Apollo 11 (você conhece, é a missão que levou um astronauta para a Lua pela primeira vez!) e trabalhou no time do ônibus espacial Space Shuttle. Ufa!
Sônia Guimarães
Com diversas conquistas na área da física, Sônia foi a primeira mulher negra brasileira a se tornar doutora pela University of Manchester Institute of Science and Technology, universidade inglesa. Em 1993, entrou para o quadro de professores do ITA, sendo uma das únicas mulheres presentes no instituto na época (só para você ter uma ideia, o ITA começou a aceitar o ingresso de mulheres como alunas em 1996 - ou seja, só há 25 anos atrás!). Ela é, atualmente, uma voz proeminente na luta pelo fim das desigualdades raciais e de gênero na ciência.
Jaqueline Góes de Jesus
Doutora em Patologia Humana e Experimental, Jaqueline liderou a equipe que conseguiu mapear o genoma do SARS-CoV-2 em 48 horas, durante a pandemia. Além de sua contribuição na pesquisa do Coronavírus, ela também integrou a equipe que mapeou o genoma do Zika Vírus.
Algumas referências sobre o assunto☚
[1] Participação feminina na Poli-USP
[2] Jornal USP: Pesquisadoras revelam os desafios das mulheres para fazer ciência
[3] Blog Ciência pelos olhos delas
[4] PUCPR - A participação das mulheres na ciência: cenário atual e possibilidades
[5] World History: Hipátia de Alexandria
[6] BBC: O mistério da brutal morte de Hipátia, a primeira matemática da História
[7] Invivo: Marie Curie: pioneira da Ciência
[8] E-biografia: Marie Curie
[9] UFSC: trajetória de Chien Shiung Wu e a sua contribuição à Física
[10] Atomic Heritage: Chien Shiung Wu
[11] Museu Catavento: Katherine Johnson
Por Isabela Cardoso
Parabéns e obg pelo conteúdo, Isa!
ResponderExcluirExtremamente relevante
Ótimo conteúdo, muito relevante!
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